Dentro de mim, um segredo
Existe -, a devorar-me o coração,
Mas não o direi: tenho medo
Que os versos façam da profecia uma maldição.
Meu ser se encerra
Na textura daquele que acreditei ser meu profeta;
Na paixão muito maior que a terra;
No silencio da magna floresta.
Nunca direi, no entanto,
Aos homens nunca direi,
Pois só ao cajueiro guardei
O conteúdo do meu encanto.
Só tu, velho amigo,
Confidente do meu sonho,
Ó, Cajueiro antigo,
Só tu conheces o meu segredo.
Mesmo se contasse, os teus galhos negros nada sabem,
Da profundeza desse amor sem luz;
Deste calvário sem cruz.
E, no entanto, eis-me aqui a contar-lhe o sofrimento,
A chorar no silêncio;
A cravar o sofrimento em teu coração.
A primeira de outras prováveis muitas outras variações que ao longo de minha vida farei de um poema elegíaco diretamente inspirado na obra de Henrique Castriciano.
Excerto de "Meditações da Província Submersa", um pdf que mantenho com experimentos poéticos com autores de nossa esquecida província.
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